Cerca de 50 alunos e alunas do Colégio Estadual Paes de Carvalho assistiram a uma palestra intitulada “Lei Maria da Penha e 5 tipos de violência contra a mulher” nesta terça-feira. 11, no auditório Des. Agnano Monteiro Lopes, do Fórum Cível de Belém. A atividade fez parte da programação da 29ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa, que ocorre até a sexta-feira, 14.
A analiata judiciária da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid) do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), pedagoga Riane Freitas, conversou com o público adolescente sobre assuntos relacionados ao machismo estrutural, definido por ela como um preconceito, expresso por opiniões e atitudes, que se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento ao feminino. Ela explicou o patriarcado como sistema social vigente, de subordinação da mulher ao homem.
Com o uso de exemplos e situações corriqueiras, a palestrante demonstrou que a mulher geralmente exerce os papéis sociais de cuidado e de educação e o homem o papel de provedor, que tem acesso aos espaços públicos e de poder. Apesar de ter conquistado o mercado de trabalho, a responsabilidade do cuidado doméstico ainda é geralmente creditada à mulher, em um trabalho não remunerado e invisibilizado.
As servidoras da Cevid Graça Savino e Renata Giordano integraram a programação. Elas explicaram os cinco tipos de violência previstos na Lei Maria da Penha (física, psicológica, moral, sexual e patrimonial) e promoveram uma reflexão sobre machismo estrutural entre o público adolescente.
A equipe da Cevid também trouxe alguns dos anseios das mulheres, como pagamento de salário justo, não serem estereotipadas e objetificadas, a necessidade de respeito dentro e fora do ambiente de trabalho e outros.
A aluna do 1º ano Ayllin Brito, de 16 anos, destaca a importância da discussão sobre as opressões que a mulher sofre. “É um assunto que tem que ser abordado, porque acho que vem não só historicamente da mulher, ou do homem. Antigamente, as pessoas eram muito fechadas nessa ideia e se referiam à comunidade humana como ‘o homem’, e sempre o homem, incluindo a mulher ali como submissa e sem lugar de fala. Acho importante falar sobre”, avalia.
Segundo ela, esse esclarecimento é fundamental para uma atuação mais ampla das mulheres na sociedade. “Precisamos saber que não precisamos ter medo dos homens ou medo de falar e de agir do jeito que a gente quer. Não precisamos ficar sempre arrumadas. Acho que temos que fazer o que queremos e não ligar se eles vão ou não se agradar disso”, conclui.
A analista de suporte educacional Márcia Rosa presta apoio à escola, tanto para estudantes quanto para toda a equipe e a comunidade, inclusive familiar e é favorável este tipo de programação. “Vejo que para o empoderamento feminino, um dos fatores principais é a educação, a informação de qualidade, que vai despertar para esse pensamento crítico e consciente de ser uma mulher”, disse.
A Semana Nacional, coordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, no Pará, pela Cevid – que tem à frente a desembargadora Luana Santalices, ocorre entre os dias 10 e 14. Além de atividades educativas, a 29ª Semana Nacional da Justiça pela Paz em Casa prevê a o impulsionamento de processos que tratam de violência doméstica e familiar contra a mulher e feminicídio.