Objetivo é despertar o protagonismo social nos moradores
A Escola Municipal Santana do Aurá recebeu, nesta quarta-feira, 21, mais uma etapa do projeto “Psicologia, Saúde Mental e Protagonismo Social”, desenvolvido pela Universidade da Amazônia (Unama). A instituição é uma das parceiras do Comitê de Ação Solidária e Cidadania do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), que promove ações sociais para a comunidade do Aurá, localizada nos arredores do antigo lixão da Região Metropolitana de Belém, desde 2015.
Além de estudantes, as ações também começaram a alcançar os familiares, promovendo cursos de capacitação, assistência social e psicológica. O coordenador do projeto do Curso de Psicologia da Unama, Márcio Valente, explicou que as ações começaram a ser desenvolvidas no segundo semestre de 2017. Primeiro, foram colhidos dados socioeconômicos da comunidade local, onde foi identificada renda média de R$ 300 por família, com apenas duas contabilizando R$ 1000 de renda mensal. “Uma das coisas que constatamos era a necessidade de colocar as pessoas no lugar de protagonismo, por isso começamos a ouvi-las para saber o que sentem, o que elas têm a nos dizer”, explicou.
Após as audições, o grupo identificou três temas como predominantes: violência doméstica, drogas e depressão. Desde então, o projeto tem levado profissionais e estagiários para dar assistência psicológica à comunidade. “Temos aqui uma população bastante peculiar porque era uma comunidade que tirava sua subsistência do lixão. Agora eles estão ainda mais a margem da sociedade. Por isso, precisamos resgatar o relacionamento entre eles, os laços sociais precisam ser fortalecidos para essas pessoas que sofrem de humilhação social crônica”, disse o coordenador.
Adriana Santana, 37 anos, está atualmente desempregada. Ela foi uma das pessoas que participaram das palestras desta manhã. Após a perda de um filho e os outros dois envolvidos com álcool e drogas, ela contou que estava muito abatida. “Antes, eu não falava sobre isso com ninguém. Agora já consigo me comunicar com as pessoas, falar sobre essas coisas. Me sinto mais forte. Acho maravilhoso que agora tenha oportunidade para os pais também”, desabafou. Adriana ficou sabendo do projeto pela neta de 5 anos, que estuda na escola e que ela cria.
Além de os profissionais da Unama, também houve palestra da defensora pública, Clívia Croelhas. Ela apresentou aos moradores os serviços da Defensoria Pública, além de sondar as principais necessidades da comunidade. O objetivo é levar o projeto Balcão de Direitos para atender as principais demandas, como emissão de documentos e serviços como reconhecimento de paternidade, pedido de pensão alimentícia e divórcio.
O Sebrae também enviou representantes que falaram sobre cursos disponíveis para capacitação e para a entrada no mercado de trabalho a partir da abertura do próprio negócio.