Judiciário perdeu o juiz Cláudio Rendeiro, titular da 4ª Vara do Tribunal de Júri de Belém
Poema de Manoel de Christo Neto
Vai, meu mano!
Nosso riso foi roubado,
Emudeceu,
Transformou-se em lago de tristeza,
levou junto a leveza
que acompanha todas as artes.
Que co-incidência cruel
- ou seria esta a glória no céu? -
No dia Internacional do riso,
o mais espalhafatoso,
ecoa em som estrondoso
às margens de São Caetano
e se espraia
- quem dera, por engano -
Em nossa memória saudosa.
Diante de um vírus mortal,
Diante de um governo do mal,
Diante de tanta vergonha e des-graça,
Descerram-se as cortinas cablocas
da vida mais que pujante
da personagem principal:
Epaminondas Gustavo.
Leva junto o Cláudio,
Rendeiro de tantas galhofas
Rendeiro de tantas causas:
Da justiça mais justa,
Da saúde mental fora dos muros,
Do Carnaval mais alegre,
Da culinária regional,
Do trabalho infantil escorraçado,
Do mundo mais animado.
Vai, meu mano!
Vai descansar teus prantos.
Vai gargalhar em outros cantos.
Vai fazer teus encantos
em hostes celestiais.
Agora és encantado,
qual boto tucuxi.
Vai, meu mano!
Aqui ficamos sofridos,
com os corações apertados,
Mas sem deixar-nos calados
diante do que aprisiona.
Vai, meu mano!
Vai te encontrar com Sophia
que te deu tanta alegria,
e agora terás a Sabedoria,
eterna.
Vai, meu mano!
Para nós ainda não era a hora,
Mas quem somos nós neste plano?
Tua missão foi cumprida
e não será esquecida.
Vê se não vai te aboletar
na cadeira da Nazinha.
Agora faz teu círio celeste
e acende uma vela pra nós,
que aqui o negócio tá feio,
Mas vamos dar um freio
Naquele que te atacou.
Agora a vacina chegou.
Vai, meu mano!
Descansa o sono dos justos
E solta aquela gargalhada
Pra gente escutar aqui.
Belém, 18 de janeiro de 2021.
Manoel de Christo Neto.
AMEPA – “De repente, do riso fez-se o pranto”
Ele era dessas pessoas que nos fazem rir a cada minuto.
Tinha uma vontade imensa de viver e uma alegria que saltava aos olhos.
Tinha uma imaginação fora do comum e guardava o coração de menino, vindo de São Caetano de Odivelas, sua terra natal, que ele tanto amava.
Viveu intensamente cada minuto de sua rica e passageira existência aqui na Terra, fez uma legião de amigos e de fãs, que adoravam vê-lo interpretar o personagem Epaminondas Gustavo.
Foi um grande representante da cultura paraense e uma grande voz de direitos sociais, que sempre defendia e informava à população paraense, através da Rádio Web Jus e de outros meios de comunicação.
Informava a sociedade também sobre a necessidade de prevenção e de cuidados, em meio à pandemia de covid-19.
Sua partida retira do Tribunal de Justiça do Estado do Pará um grande magistrado, e da sociedade paraense, um grande personagem, que fará muita falta.
O céu deve estar em festa, mas por aqui vamos chorar a sua ausência, em dilacerada dor, nesse mundo que está tão triste e sem cor. A cortina do palco se fecha e a realidade vai escancarar o quanto precisamos de mais pessoas como Epaminondas Gustavo.
Como nos versos do inesquecível e imortal Vinícius de Moraes, “De repente, do riso, fez-se o pranto, silencioso e branco como a bruma (…). De repente, da calma fez-se o vento que dos olhos desfez a última chama (…). Fez-se do amigo próximo, distante (…). De repente, não mais que de repente” (Soneto de Separação).
Siga em paz, amigo. Continue brilhando. O céu ganhou hoje uma nova estrela, de imensa luz e intenso brilho.
Deixa conosco o teu riso, em meio ao nosso pranto. Cada vez mais, precisamos da tua alegria, eternizada por tua arte.
Gratidão por tudo, Claudio Rendeiro. Gratidão por tudo, Epaminondas Gustavo.
Belém/PA, 18 de janeiro de 2021.
Diretoria Executiva da AMEPA
Justiça Federal manifesta pesar pelo falecimento do juiz Cláudio Lopes Rendeiro
A Justiça Federal – Seção Judiciária do Pará associa-se aos sentimentos de profundo pesar de toda a sociedade paraense pelo falecimento de Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, juiz da 4ª Vara do Tribunal do Júri, ocorrido na manhã desta segunda-feira (18), em decorrência da Covid-19.
Em maio de 2018, o magistrado participou no auditório da Justiça Federal, em Belém, do encerramento do IV Encontro Norte dos Oficiais de Justiça Avaliadores Federais (Enojaf), ocasião em que apresentou um stand up no qual atuava como Epaminondas Gustavo, personagem com linguajar típico do caboclo paraense que arrancava gargalhadas de todas as plateias que tiveram a ventura de assisti-lo.
Neste momento de profunda dor em que estão imersos todos os que tiveram a oportunidade de conhecer Cláudio Rendeiro e o personagem Epaminondas Gustavo, a Justiça Federal anseia que cultivemos as boas e ternas lembranças do cidadão, do magistrado esmerado no exercício de suas funções e do artista talentoso, que levou alegria e transmitiu otimismo e boas energias a tantas pessoas.
José Airton de Aguiar Portela
Juiz Federal Diretor do Foro
EAP-PA "Quem é o louco afinal? É o que me prende? Ou o que me solta?"
"É com imenso pesar que a Equipe de Avaliação e Acompanhamento das Medidas Terapêuticas Aplicáveis a Pessoas com Transtorno Mental em Conflito com a Lei (EAP-PA) recebe a notícia de falecimento de um dos primeiros incentivadores de nosso trabalho, um dos primeiros a ter a coragem de desinternar quando a periculosidade social do louco ainda era a palavra de ordem. Escolheu o caminho da presunção da sociabilidade, acreditando que era possível investir nas potencialidades da Rede de Atenção Pisicossocial (RAPS), mas principalmente nas potencialidades das pessoas com sofrimento mental em conflito com a lei. A pessoa que fez a pergunta que até hoje nos inquieta e nos ajuda a prosseguir: "Quem é o louco afinal? É o que me prende? Ou o que me solta?". Siga em paz grande guerreiro Claúdio Rendeiro! Sua alegria ainda vai ecoar entre nós. EAP/SESPA
Nota de pesar do MPF/PA pelo falecimento do juiz de Direito Cláudio Henrique Lopes Rendeiro
O Ministério Público Federal (MPF) no Pará manifesta profundo pesar pelo falecimento do juiz de Direito Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, titular da 4ª Vara do Tribunal de Júri de Belém e criador e intérprete do célebre personagem Epaminondas Gustavo.
O talento e profissionalismo de Rendeiro eram marcantes tanto no exercício da função na aplicação da Justiça quanto na atuação artística, em que tão bem representou a cultura e a simpatia dos paraenses.
Por meio do personagem Epaminondas Gustavo, Rendeiro divulgava dicas e orientações a toda a sociedade paraense, apresentando conflitos judiciais e situações diárias vividas pelo personagem que eram explicadas didaticamente pelo viés do Direito, traduzindo assuntos complexos em linguagem simples, coloquial e com muito bom humor.
Em outubro de 2016, durante a programação de eventos alusivos ao Dia do Servidor Público, a equipe do MPF em Belém teve a honra de receber show de comédia stand-up com Epaminondas Gustavo, e somos eternamente gratos por esse privilégio.
Em nome do MPF, os integrantes da instituição estendem suas sinceras condolências aos familiares, amigos e colegas de trabalho de Cláudio Rendeiro.
AMB – “Começar de novo”
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lamenta profundamente a morte do juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJ-PA) Claudio Henrique Lopes Rendeiro, por covid-19. O óbito foi confirmado pela família na manhã desta segunda-feira (18).
O magistrado estava internado desde 9 de janeiro, onde fazia uso de medicação e realizava exercícios respiratórios. O quadro, no entanto, se agravou na última semana e Rendeiro apresentou piora no domingo (17).
Conhecido pelo personagem Epaminondas Gustavo, o magistrado criou o personagem ribeirinho em 2009, inspirado no pai, o português Manoel, e no tio, Benedito. Com o caboclo, Rendeiro explicava o juridiquês por meio de linguagem informal e gírias locais. Também traduzia, de forma simples, as atividades da Vara de Execução Penal de Penas e Medidas Alternativas.
O sucesso fez com que o juiz e ator nas horas vagas ficasse conhecido por causa do personagem. Durante a abertura II Fórum Nacional de Execução Penal (Fonavep), realizado pela AMB em agosto de 2018, Rendeiro realizou o show de comédia “Humor à primeira espiada” com o cantor e compositor paraense Adilson Alcântara.
Rendeiro também apresentou o programa “Começar de Novo” — sobre ações de reinserção social de presos, de egressos de presídios e de cumpridores de medidas alternativas — e a palestra show “Quem é o louco afinal?”, com perspectiva jurídica e recreativa sob a ótica da lei antimanicomial.
O funeral será reservado à família, conforme os protocolos de segurança contra a covid-19. A AMB manifesta pesar e solidariedade e se coloca ao lado de familiares e amigos de Claudio Rendeiro diante da perda.
OAB
É com profundo pesar que a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Pará, comunica o falecimento do juiz de Direito Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, ocorrido na manhã desta segunda-feira (18). Talentoso e com senso de humor bem peculiar, Cláudio interpretava o personagem Epaminondas Gustavo.
Cláudio Rendeiro nasceu no município de São Caetano de Odivelas, região nordeste do estado. Sua criação humorística retratou as diversas formas e situações vividas por pessoas do interior do Pará, uma referência sagaz ao "caboclo paraense", que alcançou sucesso na internet e depois ganhou os palcos.
Parceiro histórico da OAB Pará, o juiz sempre prestigiou e brindou a advocacia com participações em eventos promovidos pelas comissões temáticas da Ordem e da Escola Superior de Advocacia, dentre eles, o 1º Encontro Virtual da Jovem Advocacia (Junho de 2020) - Na ocasião, apresentou o stand up “Não desista dos seus sonhos”; e a VIII Conferência Estadual da Advocacia (Dezembro de 2020).
Neste momento de dor e consternação, o presidente da OAB no Pará, Alberto Campos, em nome do Conselho Seccional, expressa condolências aos familiares e amigos do magistrado.
TRT 8
"Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito", é com essa frase de Milton Nascimento que todas e todos que integram a Justiça do Trabalho da 8ª Região manifestam o seu pesar pelo falecimento na manhã de hoje do juiz Cláudio Rendeiro, para sempre nosso parceiro Epaminondas Gustavo, incansável voluntário de nossa instituição e das ações desenvolvidas em prol das crianças e adolescentes de nossa região, na frente de combate ao trabalho infantil.
Sindicato dos Médicos do Pará
A diretoria do Sindmepa, seus funcionários e a coordenação do cineteatro do Sindmepa lamentam profundamente o falecimento do juiz Cláudio Rendeiro, o nosso inesquecível Epaminondas. Magistrado de carreira, desenvolveu trabalhos sociais e alegrou milhares de pessoas usando o humor imortalizado pelo personagem Epaminondas. Alegrou médicos e suas famílias em apresentação memorável em nosso teatro. Nossa solidariedade à família, amigos e milhares de fãs enlutados.
Prefeitura de Belém – Carreira exemplar
A Prefeitura Municipal de Belém registra com profundo pesar o falecimento do juiz criminal e artista Cláudio Rendeiro, que interpretava o personagem Epaminondas Gustavo.
O magistrado de carreira exemplar, revelou-se um grande humorista que usava como inspiração o linguajar e os costumes do caboclo do interior paraense, valorizando a cultura popular e levando alegria ao povo paraense. Além disso, por meio da arte, o juiz desenvolveu ações educativas e sociais para ajudar os que mais precisavam, dando, assim, um grande exemplo de solidariedade.
A partida do brilhante artista deixa em luto uma legião de admiradores.
Solidariedade à família, aos amigos, aos colegas de trabalho, aos fãs de Cláudio Rendeiro.
ABRACRIM/PA - O SILÊNCIO DO RISO DE UM NOBRE, CULTO E ILIBADO MAGISTRADO
O Excelentíssimo Senhor Doutor CLÁUDIO HENRIQUE LOPES RENDEIRO, Juiz Titular da 4a Vara do Tribunal do Júri de Belém, Estado do Pará, hoje - 18 de janeiro de 2021 -, por volta das 6h10, veio a óbito, em fatal consequência do Coronavírus - COVID-19.
O ínclito Magistrado, ao longo da sua vida profissional, teve destacado papel, enquanto Titular da Vara das Execuções Penais, levando não só a legalidade e justiça, como também, o direito da ressocialização, humanidade, bondade e amor. Doutor Cláudio Rendeiro, foi e será sempre lembrado por suas qualidades e virtudes humanas e espirituais.
Cláudio Rendeiro, em estando há pouco tempo como Titular da 4a Vara do Tribunal do Júri da Capital, julgou e sentenciou com a fidalguia dos Nobres, e a altivez dos Justos. Jamais, em tempo algum, nós, Advogadas e Advogados Militantes da área Penal e Criminal, iremos deixar de lembrar e enaltecer o trabalho do HUMANO JUIZ.
Em uma recente entrevista (Live), o Magistrado declarou que dos 6 (seis) filhos paridos por sua mãe, em São Caetano de Odivelas, quando viviam em uma humilde residência naquele Interior, dizia: "(...) esse aí jamais daria para ser juiz, estudar Direito, os outros cinco sim, podem ser, ele, não!(...)". A Mãe de Cláudio Rendeiro O JUIZ, errou. Ele foi Advogado, Promotor de Justiça, e um dos melhores e maiores juízes do Pará, do Brasil. E, que bom que ela errou.
O Excelentíssimo Magistrado, em seu legado, deixa além da sabedoria jurídica; o dom do riso; a valorização da cultura paraense; o entusiasmo pela música, poesia e paródias. O Magistrado, ao tirar a HONRADA TOGA, dava vazão ao personagem EPAMINONDAS GUSTAVO, ao artista que encantou milhares e milhares de fãs. Hoje, justamente hoje, celebra-se o "Dia do Riso", e, nas alegrias que o Magistrado e Artista Cláudio Rendeiro / Epaminondas Gustavo, nos concedeu, calamos, ficamos em silêncio, com as lágrimas, a dor da saudade... As cortinas do Palco e da Vida cerraram-se, fecharam, para nunca mais abrirem.
Doutor Cláudio Rendeiro, nós, Advogadas e Advogados Associados da ABRACRIM, ou que desta nossa Associação não façam parte, mas, tiveram a honra e prazer de dividir o tripé jurídico com Vossa Excelência, pedimos concessa maxima venia, um aparte, uma réplica, a mais ampla defesa, para declinar e escrever, nos anais da Justiça Brasileira, com notas taquigráficas para as gerações futuras: JUIZ CLÁUDIO HENRIQUE LOPES RENDEIRO, MUITO OBRIGADO(A)!
Valério Saavedra
Presidente ABRACRIM/PA