Depoimentos estão previstos para começar às 9h30, no Fórum de Belém
A juíza Ângela Tuma, da 3ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, começa a ouvir hoje as testemunhas apontadas pela acusação e defesa no processo de homicídio do professor universitário e engenheiro mecânico Raimundo Lucier Marques Leal Júnior, 59 anos, ocorrido em agosto do ano passado. A promotora de justiça Rosana Cordovil atua no caso. E a audiência está prevista para começar às 9h30, no Fórum de Belém, localizado no bairro da Cidade Velha.
Em dezembro do ano passado, a Polícia Civil encerrou as investigações sobre o assassinato, com a prisão do último envolvido no crime. Edmilson Ricardo Farias, o “Juca” ou “Juquinha”, 23 anos, foi detido por uma guarnição da Polícia Militar, após ser flagrado com um carro roubado. Ele é acusado de ser o autor dos disparos fatais contra a vítima. Também está preso o engenheiro químico Carlos Augusto de Brito Carvalho, 38 anos, apontado no inquérito como o mandante do crime e acusado de ter contratado o executor da morte de Raimundo Lucier. Este foi baleado ao volante do próprio carro, enquanto fazia um retorno no canteiro central da avenida Duque de Caxias, bairro do Marco. O outro preso é o mototaxista Allan Franklin Ferreira Rego, 21 anos, responsável por pilotar a moto usada na fuga depois do crime. Todos tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.
À época, o diretor da Divisão de Homicídios, delegado Gilvandro Furtado, garantiu que apenas os três estão envolvidos no plano para matar Raimundo Lucier. Ele ressaltou que os acusados estão indiciados por homicídio triplamente qualificado, por premeditação, mediante recompensa ou pagamento, e sem dar chance de defesa à vítima. Em depoimento, Edmilson admitiu ter sido contratado por Carlos Augusto pelo valor de R$ 3,5 mil para fazer o “serviço” - ou seja, assassinar o professor. Segundo o acusado, o mandante não teria pago todo o valor combinado, repassando para o executor cerca de R$ 2 mil.
As investigações mostraram que o engenheiro químico Carlos Augusto, preso em setembro de 2012, foi quem levou Edmilson, em seu próprio carro, para o local onde Raimundo Lucier seria executado. “Por dois dias, eles estiveram no local - avenida Duque de Caxias - para esperar a vítima ir a uma oficina mecênica, onde iria levar o carro para reparos”, disse Gilvandro. No primeiro dia, véspera do crime, os dois permaneceram até por volta de 21 horas, mas o professor não apareceu no local.
No dia seguinte, esperaram até o momento em que o professor saiu da oficina, conduzindo seu carro. Foi então que, ainda conforme a Polícia Civil, Edmilson desceu do carro e foi em direção ao professor, atirando mortalmente várias vezes na cabeça dele. Na fuga, “Juca” subiu na moto em que estava Allan Franklin que deu fuga ao criminoso. Imagens de câmeras de segurança ajudaram na identificação da moto usada na fuga. A partir disso, foi possível chegar ao paradeiro do piloto da moto e, por conseguinte, aos demais envolvidos.
AMEAÇADO
Ao ser ouvido, Carlos Augusto, acusado de ser o mandante, negou que pretendia matar a vítima, mas alegou ter sido ameaçado de morte por Raimundo Lucier e, para tanto, convidou um homem para dar um “susto” nele. Ao delegado Vicente Gomes, da Divisão de Homicídios, Carlos Augusto alegou que conhecia a vítima, pois ambos atuavam no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), do Pará, na Câmara Especializada em Mecânica, Metalúrgica e Engenharia Química, responsável em fiscalizar as atividades profissionais.
Segundo alega o engenheiro acusado, a ameaça de morte teria ocorrido após ter assumido a coordenação da Câmara. Ao tomar conhecimento de supostas irregularidades cometidas por Raimundo, em sua atividade profissional, o acusado alegou ter sido ameaçado de morte. Allan, por sua vez, afirmou que foi Carlos Augusto quem contratou “Juca” para executar a vítima. Allan contou que, por duas vezes, esteve com “Juca” e Carlos Augusto no local combinado - a avenida Duque de Caxias, em frente a uma oficina mecânica. Nesse local, Raimundo Lucier apanharia o carro deixado no local. O piloto de mototáxi, no dia do crime, por volta de 13h30, seguiu ao local combinado, ficando na passagem Três Irmãos, perto da Duque de Caxias, para dar fuga a “Juca”. Ainda segundo Allan, a arma do crime foi dada ao executor pelo mandante.